Vale do Anhangabaú - São Paulo, 2010
Fotografia: Ines Correa
“Faz uma foto minha?”, perguntou ele. “Não moço, desculpe, tô trabalhando agora e não posso. Estou ocupada.”, respondi séria. Ele não cessou “Só uma, por favor!?”
Quando olhei atrás de mim estava ele pronto pra foto, na pose. Não dava pra resistir. Não era a pose esperada. Inesperada era. Era dele, que veio dele. Saquei da arma e atirei sem pensar. Tinha que pescar rápido antes que se desfizesse, que se fosse, que fugisse dele, tão instável era.
Sorri, agradeci e virei cento e oitenta graus para tentar me concentrar no trabalho que estava fazendo. Senti um “toc toc” no ombro. Ele agora bem perto, trazendo no sopro da respiração um odor típico de quem vai enfrentar uma noite fria na rua, sem teto, falou baixinho: “Moça, agora me dá cinquenta reais?”. “Como?”, perguntei sem entender. “Me dá cinquenta reais porque voce me fotografou!”, completou ele sem vacilo. “O que? Mas?”, não conseguia pensar em palavras. Ele mais que depressa: “Moro naquela árvore, quando você voltar traga pra mim uma sopa quentinha ou uma blusa, está bem?”.
Quando voltar ficou muito longo e vago para mim mas não para ele. Então respondi: “Está bem, combinado, quando eu voltar trago um casaco bem quente para você. Obrigada.”. “Então agora vou dormir”, finalizou ele. Mas não se foi, ficou ali admirando tudo o que acontecia…
2 comentários:
vc é demais Ines!
oi edu, q isso! o cara q é muuuito figura! beijo
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