fotografia: inês correa
Grupo de dança Musicanoar comemora 20 anos com novo
espetáculo, exposição e lançamento do livro Musicanoar 20 anos. Deslugares?
O
Grupo Musicanoar completa 20 anos de trajetória na história da dança
contemporânea brasileira em 2013. Nessas duas décadas, realizou diversos
espetáculos, recebeu prêmios e estímulos, participou de festivais e mostras,
sempre tendo como norte o crescimento e a consolidação de um trabalho artístico
que incorpora a pesquisa na linguagem contemporânea da dança e que se preocupa
em dialogar com o pensamento científico.
Para
celebrar e pontuar a evolução e os caminhos trilhados pelo Musicanoar, Helena
Bastos concebeu o espetáculo Deslugares? e o vivencia ao lado de Raul Rachou,
parceria que se
intensificou a partir do trabalho Cães, em 2001.
No
espetáculo, Bastos e Rachou procuram criar
a partir da relação entre dois corpos e a discussão sobre o espaço e
controle. Essa discussão é ancorada no pensamento do filósofo francês Michel
Foucault: “o corpo, em qualquer sociedade está preso no interior de poderes
muito apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações”.
“Deslugares”
é uma proposta experimental em dança contemporânea. Indica cruzamentos de diferentes linguagens
artísticas. Entre bastões vermelhos, de diferentes tamanhos, todo
um ambiente se delineia da fricção entre corpos e espaços. Que atravessamentos
são estes? Pequenas solidões? O corpo não é tratado como um objeto, mas lugares
de atravessamentos.
Livro-caderno
Para mapear a atuação do
Grupo Musicanor nestes 20 anos de estrada, o projeto, contemplado com o 12º Programa
Municipal de Fomento à Dança, incluiu uma exposição de fotos na Galeria Olido e um livro-caderno que, pelos olhos
e mãos de protagonistas e estudiosos da dança contemporânea brasileira,
constrói um sólido painel não só da atuação do Musicanoar como também das
práticas artísticas ligadas à dança.
Nomes
como Rosa Hercoles (eutonista), Inês Correa (fotógrafa),
Fabiana Dultra
Britto (pesquisadora), Maíra Spanghero (professora), Marcos
Bragato (pesquisador) e Adriana
Banana (diretora artística do FID) foram convidados para um diálogo com as
singularidades do fazer artístico do Musicanoar, com as atividades de pesquisa
acadêmica e os modos de produção em dança.
O resultado são textos
ora memorialistas, ora analíticos, que se entrelaçam fluidos e convergentes.
Como escreveram Helena Bastos e Raul Rachou no prólogo do livro-caderno Musicanoar
20 anos. Deslugares?: “Reconhecemos que qualquer realidade em dança, ela se apronta num modo
cooperado e coletivo. Isto é... Junto... Todos juntos! Cada um do jeito que
pode”.
Mostra
A mostra Rastros Deslugares pretende ser o compartilhamento de uma história e de percursos de experiências. O
público que for à Galeria Olido, espaço que abrigará amostra, poderá por
meio de desenhos, anotações e fotografias, conhecer os processos de criação do
grupo. A mostra Rastros Deslugares, composta por fotografias de espetáculos encenados e desenhos coreográficos conta a trajetória incomum do Musicanoar e dessa maneira traça um painel da dança contemporânea brasileira nas últimas duas décadas. São oito painéis, tamanho 1,60x1,30 cm, entre eles dois desenhos coreográficos de Helena Bastos e seis fotografias de Gil Grossi, Inês
Correa e João Caldas, de cenas dos espetáculos de Helena Bastos e Raul Rachou,
dupla que compõe Musicanoar.
Rastros
deslugares retira dos arquivos fotografias, desenhos e anotações para
compartilhar uma história, um percurso de experiências do Musicanoar,
que nestes 20 anos vem processando diferentes arranjos a partir da dança
contemporânea.
Segundo Inês
Correa, uma das responsáveis pela mostra, Rastros deslugares não
busca ser uma exposição fotográfica mas uma mostra de imagens “rasgadas das
cenas de um tempo”. A ideia é conduzir o público a entrar no universo de criação
coreográfica e deixar que ele crie sua própria coreografia imaginária”.
A proposta
de Rastros Deslugares é pensar na imagem como fonte
iconográfica responsável por rastros, vestígios, sobras de uma memória
coreográfica.
O projeto de comemoração dos 20 anos do Grupo Musicanoar foi comtemplado
com o 12º Programa Municipal de Fomento à Dança do Município de São Paulo.
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