MUDANÇA
As máquinas fotográficas estão aos milhares por aí. A internet e o equipamento digital alterar am o fluxo, não digo natural, mas anterior das coisas. Não acredito em fim mas em mudança. E pode ser para melhor ou pior, depende do ponto de vista ou de onde a pessoa está.".
Estive agora cedo no blog da Simonetta Persichetti, jornalista e crítica de fotografia, Tramafotografica, e li o post de ontem sobre O Fim do Fotojornalismo. Deixei lá um comentário que transcrevo aqui:
"Outro dia estava no Teatro Municipal, tirei minha câmera da bolsa e comecei a clicar. Veio uma daquelas mocinhas bem treinadas e disse: “aqui não pode fotografar sem permissão”. Olhei pra ela e falei: “só eu não posso porque meu brinquedinho é maior? e todas as pessoas que estão aí fotografando?”. Ela olhou em volta e ficou sem saber o que fazer, se atrapalhou toda. Tinha um montão de gente fotografando.
As máquinas fotográficas estão aos milhares por aí. A internet e o equipamento digital alterar am o fluxo, não digo natural, mas anterior das coisas. Não acredito em fim mas em mudança. E pode ser para melhor ou pior, depende do ponto de vista ou de onde a pessoa está.".
Depois que escrevi lembrei de outra situação. Pedi autorização para fotografar um espetáculo e não consegui. Mesmo sem autorização fui no dia da estréia certa que encontraria diversos colegas também interessados no mesmo fato. Em grupo, unidos das nossas "armas", não haveria impedimentos. Me enganei. Não tinha nenhum outro fotógrafo por lá.
Quando li o artigo da Simonetta imediatamente me lembrei dessa e de muitas outras situações parecidas. Se é o fim do fotojornalismo (nem vou aqui falar do jornalismo), acredito que isso seja a consequência da forma como os profissionais trabalham. O "comércio" criado em torno da profissão matou a busca pelos fatos relevantes.
No Tramafotografica (leiam o post na íntegra lá que é muito interessante), Simonetta publica um email do Eder Chiodetto, curador e crítico de fotografia. Entre outras coisas ele diz:
"É claro que o fotojornalismo não acabou e nunca acabará! O que acabou e segue acabando velozmente é o modelo jornal impresso-funcionário-pautinha na mão e fotógrafo bem mandado obedecendo o sistema, contando histórias que não as que ele queria, reproduzindo o aparato ideológico de uma classe que não é a dele" ...
Quando li isso não deu pra deixar de lembrar do fotógrafo do Zezinho. Sim, da Oficina Foto e Vídeo, da Casa do Zezinho. Ontem numa fila de espera para entrar no Teatro Alfa e ver o Grupo Corpo conheci o Zezinho. Como conheci? Um garoto gritou: "vem cá, deixa eu tirar uma foto com você". Me abraçou, puxou pro lado dele. Fizeram a foto e depois mais uma com um grupo enorme que foi entrando atrás de mim.
Pedi também: "posso fazer uma de vocês?". O garoto ficou me olhando feliz e gritou pra galera:"viu, falei. ela é uma fotógrafa famosa. tava na cara". Eu ri, fiz a foto e fiquei conversando com o Zezinho que havia feito a foto do grupo. O Zezinho faz foto e vídeo e trabalha com a comunidade dele, o grupo dele. E gosta. E vibra. E mostra em suas imagens aquilo que ele acredita.
Foto digital, há alguns anos digo, veio pra todo mundo fazer, é democrático. Blog é tudo de bom. E ainda, não tem censura prévia. O Zezinho pode mostrar o que quer. Eu. A Simonetta. Quem tiver o que falar e quem não tiver. E o jornalismo está sendo provocado. Provado. E o fotojornalismo também. Termina? Não, acho que muda.
Aí galera!
(o garoto, esqueci de perguntar o nome dele,
falha minha, é o do canto superior esquerdo)
Teatro Alfa, São paulo, 2009
Fotografia: Inês Correa
(o garoto, esqueci de perguntar o nome dele,
falha minha, é o do canto superior esquerdo)
Teatro Alfa, São paulo, 2009
Fotografia: Inês Correa
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