Na hora de entregar as fotos a pessoa olhou para mim e disse: "Cinquenta fotos?". Respondi que sim e pedi desculpas pelo número tão grande porque sabia que deveria representar o acontecimento em um único quadro mas que ali tínhamos um documento interessante. Acrescentei que não tinha conseguido mas que provavelmente se buscássemos saberíamos qual delas era a melhor foto para descrever o acontecimento. Para minha surpresa a pessoa disse: "não, eu acho pouco. Esperava 300 a 400 fotos".
Pavio curto que sou respondi sem pensar, no impulso: "Quatrocentas? Desculpe, mas se você pretendia ter um número tão grande de imagens para definir um evento tão pequeno deveria ter contratado alguém para filmar". E disparei: "Porque fotografamos? Fazemos fotos para recordar, para ter a memória de um fato. Os acontecimentos terminam e a fotografia fica. E o mais importante é a quantidade de informação que uma fotografia contém, não a quantidade de fotos que fazemos de uma mesma situação. Não que isso não seja possível. Podemos documentar e ter como resultado uma série, como temos aqui. Um grupo de cinquenta imagens. Mas num único quadro é possível interpretar um acontecimento. A fotografia captura um instante, põe em evidência um momento, é testemunho...
Bom, vale lembrar que foi o último trabalho que fizemos junto. Mas é gostoso recordar algumas passagens que parece que temos que enfrentar vez ou outra. Uma delas é essa: quando alguém nos contrata para fazer um trabalho e conhece pouco sobre o tipo de pedido que está fazendo. Ou pensa que a melhor forma é com uma determinada arma mas não tem certeza de como aquilo tudo funciona.
6 comentários:
Taí um pavio curto bem empregado! Quem privilegia quantidade e não qualidade... É dose. E muito comum nos nossos dias. beijos
Oi MSyl, tenho meus dias de desabafo. Questiono e questiono tudo sem parar. Sou assim. Beijo e saudades de você.
Ih, Inês, em vídeo acontece a mesma coisa. "Só duas fitas?" "Só um DVD?"
Abraço!
Pois é Daniel, tinha que haver algum lugar que as pessoas se informassem melhor de como funcionam os trabalhos em vídeo e foto, etc. Abraço, Ines
Inesita, o que será que ele ia fazer com 400 imagens? Se perder? Aliás, já estava perdido...
Pois é Beatriz, você bem sabe como é tudo isso. Cá entre nós, perdidos todos nós estamos um pouco, um pouco... Tem que abrir os olhos. Beijo pra você
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