quinta-feira, dezembro 02, 2010

DAR NOME AOS BOIS E VACAS

"Como superar o grande cansaço?", de Eduardo Fukushima (SP)
Foto: Inês Correa
Adesivo na parede: Andre Rezende





Carne, de Micheline Torres (RJ)
Fotos: Nicolas Boudier e Manuel Vason (Não tenho a informação correta)
Adesivo na parede: Andre Rezende



Fotos sem crédito de autoria encontradas no Facebook em
Dança nos muros de Goiânia




A idéia é brilhante, os painéis envolventes. Gosto disso. A cidade, uma riqueza para o artista. No Facebook está escrito que é um trabalho do designer e 'street' artista Andre Rezende, vulgo Khristo/ARXV. O mesmo texto informa que Andre Rezende "começou a usar a rua como suporte em 2002 com a proliferação de stickers (adesivos) pela cidade.". A cidade onde ele começou não sei qual, onde, de onde vem Andre. De Goiânia? Escrever com dados que estão na internet geram isso, falta informação para mim ou para qualquer um. "The street", a rua "is the canvas", a tela que André utiliza, incrível. Se bem explorada, como ele o faz, pode ser uma riqueza para ele André, para quem vê, para os artistas que estão expostos, os bailarinos, a dança, a fotografia, as artes visuais e do corpo, para os fotógrafos cujos trabalhos foram usados para gerar a obra de Andre.

A apropriação, como eu mesma o fiz ao entrar no Facebook e retirar a imagem, trazer para o Corpoemimagem deve ter o cuidado de dar "nomes aos bois", mesmo que sejam vacas. Por exemplo, vi a imagem no Facebook e digo que elas são telas feitas na rua por Andre Rezende à partir de fotografias de Inês Correa, Nicolas Boudier e/ou Manuel Vason. São fotografias dos trabalhos apresentados no Festival Diagnóstico da Dança 2010, dirigido por Luciana Ribeiro e Sacha Witkowski. As fotos são dos espetáculos "Como superar o grande cansaço?", de Eduardo Fukushima e "Carne", de Micheline Torres.

O "novo" - apesar de não ser a melhor forma de dizer porque novo não o é -, a web, a parede da cidade -, enfim, os suportes devem carregar com eles as informações. Ao menos a origem, alguns outros dados, por exemplo, de onde veio, quem é, como foi feito. Como trabalham os museus, as galerias: um pequeno "sticker" contem o nome do artista, o material que utiliza para gerar a imagem, se é reprodução de onde foi tirado, etc. 


Não importa se a tela é a cidade, "the street". A cidade não é de ninguém? É de todos? Não é mais um motivo para que as obras expostas nela sejam tratadas com os mesmos critérios que um curador adota ao apresentar uma mostra dentro de qualquer espaço público? O respeito não tem que ser o mesmo? Quando o Andre imprime na parede a imagem ele sabe que precisa assinar. E está correto. Ele gerou uma obra de arte. Podemos ver bem claramente a assinatura dele. É possível ver também o nome Festival Diagnóstico da Dança. Ok. Mas e os demais envolvidos? Os fotógrafos. O título da obra? O nome dos artista Fukushima e Micheline? Mesmo que em "corpo menor" são informações que deveriam estar presentes no trabalho dele. O André produz uma imagem de outra imagem já concebida. Trata-se de uma obra de arte feita da reprodução de uma fotografia.

Bárbaro o trabalho do Andre Rezende mas fica aqui impresso no post a lembrança de que devemos nomear sempre que possível. Nesse caso é possível. As informações estão online, no site do festival. Podemos falhar, esquecer alguns dados. Acontece também. Mas trabalhar melhor essas questões, procurar respostas de como fazê-lo. Essa é uma das propostas do Corpoemimagem que também se apropria dos corpos do outro para gerar imagens fotográficas e procura, sempre que possível, nomeá-los. O fotógrafo sabe o quanto se apropria muitas vezes sem idéia do que pode estar gerando...


Parabéns Andre pelo trabalho. Se quiser conversar entre em contato. O que escrevi acima é somente para alertá-lo de que você pode vir a ter problemas. Para evitá-los procure pensar numa melhor maneira de creditar seu trabalho nas ruas da cidade. Pense nisso.

Nenhum comentário: