quinta-feira, fevereiro 17, 2011

CHARLOTTE, LADO B


Charlotte, o outro lado.
O lado B de Charlotte.
A outra face.
Outra fase.
São Paulo, 2011
Foto: Inês Correa


Pra que tudo isso? Se for pra descobrir ou falar sobre a vida das aranhas não é mais fácil ligar a TV e assistir um documentário no Discovery Channel? Mas não é isso. Ver a Charlotte todos os dias e escrever aqui no CORPOEMIMAGEM, não todos os dias, mas quando ela altera alguma coisa na vida dela me faz refletir sobre o tempo,  a periodicidade. Sobre uma outra rede que não são as redes socias online nem nada. 

Olhar para a Charlotte e ver como ela fica parada ali se protegendo como pode e preparando para deixar vidas além da dela. Como ela faz uma rede complexa. Como vive em rede de uma maneira tão solitária. A imagem dela me faz refletir sobre sociedade, encontros e desencontros. Amor. Solidão. Observo a solidão da vida dela na minha. Uma longa e calma solidão.

Não, você tem razão, não precisaria das fotos. Bastaria escrever. As imagens aqui são pura ilustração. Abstração. Sei lá.  Talvez porque não saiba pensar sem elas. Talvez porque ao fazê-las paro e olho para a vida da Charlotte e tenho o impulso de escrever. Porque meu impulso talvez só aconteça inicialmente da própria imagem, da fotografia que faço do corpo da Charlotte. Algum problema meu, não seu. Problema porque afinal esse tipo de imagem existe, não tem nenhuma novidade na forma de ser apresentada nem nada. É só mais uma aranha numa teia em diversas posições.

O que o CORPOEMIMAGEM prentende é levar a pensar no que a imagem que está diante de cada um pode provocar em cada um. Para mim a Charlotte está provocando alguma coisa nesta temporada. Ela me faz pensar diversas coisas sobre mim, minha vida, minha casa, minhas relações. E daí? O que tem isso a ver com você, com o seu momento? 

Seu momento pode ser outro. A imagem que está diante de você pode ser outra. Outro lado, outra vida, outra coisa.  Outra fase.

Pra saber qual basta olhar? Olhar e ver? Olhar e parar para refletir? Buscar um tempo? Encontrar outro tempo? Se encontrar consigo mesmo? Encontrar o outro amanhã?

Olhar e ver e sentir? Como sinto meu corpo arrepiado e vivo diante da imagem de Charlotte. Sua imagem me fascina.

Olhar e ver e sentir e perceber? Perceber o sentir? O olhar? O ver?

Será que é o caso de não se limitar a acordar e passar por mais um dia no automático do viver? Talvez, sentir o perceber? Gritar pra mãe do lado de fora de casa para dentro dela que uma aranha, uma simples aranha que está no jardim mudou de posição? Esta atitude mudou o dia? 

A forma como a porta abriu e o horário foram iguais? O movimento do corpo que atravessou a porta foi o mesmo? O volume da fala mudou? O dia tinha a mesma cor? A mesma temperatura?


Como aquela vida que está lá fora, que me olha da forma dela, do modo dela, pode alterar a minha vida? Sua forma, sua cor, seu corpo bilateral mostrou agora um outro lado que faz pensar outras coisas. 

Causou mais medo o outro lado? Mais arrepio? Fez pensar no ambíguo? A vida dela é ambígua? A sobrevivência dela depende deste corpinho de duas cores, dois lados, o verso e o inverso absoluto? 

E a minha sobrevivência? É pra se aprender com os dois lados da vida para viver? Ou se repreender? Qual o significado de cada uma das formas? Qual o sentido? Tem sentido? Ou é mesmo duvidoso, incerto como a vida é, o amor, o dia que está por vir?




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4 comentários:

Chris disse...

Ines*quecivel*
ter as respostas, precisar delas realmente, ou perguntar te deu a dimensão do viver.. pra mim vago pelas água, sobre as águas. Das perguntas guardo a imagem de Charlotte, a irmã dela, que pensei em desembarca-la hj mesmo por questões de espaço restrito.
Adoro suas fotos faladas sempre. bjim Chris

Inês Correa disse...

Querida Chris (das águas salgadas), obrigada pela visita, pela força, pelos toques, por sua sensibilidade. Espero que esteja bem. Se não nos vemos ao vivo, que seja no espaço virtual. Beijo grande pra ti

Débora Santalucia disse...

Grande foto!

Inês Correa disse...

valeu debora